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Encontrando o prazer da profissão.

Com o passar do tempo, a tendência é nos acostumarmos com as rotinas do dia a dia, de modo que, por fatores nem sempre compreendidos, já não exista mais aquele brilho que outrora tínhamos quando desempenhávamos nossas atividades profissionais.

Com os operadores do Direito, o risco que isso aconteça é ainda maior, pois, embora estejamos lidando diariamente com novos casos, conhecendo novas pessoas e nos deparando com uma nova realidade jurídica (que se altera constantemente), a impressão que pode se impregnar no cotidiano é a de que não há novos desafios.

Sempre estamos atendendo alguém ou elaborando uma petição ou, ainda, nos deslocando aos fóruns para realização de certa tarefa, audiência ou diligência e não há novidades.

Será que você já passou ou está passando por isso? Será que você perdeu o prazer de advogar? Este artigo visa trazer conselhos para que possamos resgatar o brilho inicial da carreira como advogados. Vamos a eles:

Nunca protele.

Primeiramente, creio que seja de fundamental importância evitar a procrastinação. Às vezes, até mesmo em razão da morosidade do Judiciário, vamos nos enfadando com as tarefas mais simples, mas que se repetem e se repetirão ao longo de toda vida (não há como fugir delas, ao menos no nosso ramo). Logo, diante de uma nova tarefa, nos vemos deixando algo para fazer depois, o que, a princípio, pode gerar um terrível sentimento de culpa, além de proporcionar grave desgaste à nossa autoestima e motivação.

Protelar uma tarefa é deixar um constante alerta em nossa mente de que há algo a se fazer e que estamos perdendo tempo com coisas menos importantes.

Portanto, sempre que possível, faça uma lista de suas tarefas diárias (agenda de atendimento a clientes, preparação de petições iniciais, petições intermediárias de processos, etc), controlando os prazos preclusivos, e sempre primando pela conclusão adiantada da tarefa. Isso faz com que sempre que você termine um de seus objetivos também esteja diante de um fator que gera energia, ao invés de tomá-la.

Acredite, é bem melhor ter tempo de sobra em razão das pendências todas resolvidas do que ficar remoendo aquela sensação de incapacidade.

Faça cursos e leia livros.

O Direito é extremamente envolvente quando estamos por dentro das atualidades e novidades do ramo. Existe muito material bom produzido anualmente pelos juristas, que precisa ser alvo de nossa “cobiça”.

Quanto aos livros, tanto relacionados às novidades do campo jurídico, como aqueles que precisamos adquirir para relembrarmos alguns conceitos, são muito importantes. Você precisa ter em mente que o alvo é ser um advogado mais completo possível. E só se caminha para isso quando se tem uma razoável noção geral do Direito.

No que tange aos cursos, dê especial preferência aos presenciais, pois o conteúdo adquirido em cursos à distância você pode adquirir por  meio de livros (que, inclusive, pode ler novamente sempre que necessário, diferente daquele que você fez e nunca mais irá experimentar). A vantagem do curso presencial é que nele você conhece novas pessoas, que podem ser seus contatos em diferentes cidades, expandindo sua rede de relacionamentos profissionais e, quem sabe, abrindo novas portas e possibilidades.

Resgate seus valores iniciais.

Qual o motivo exato de você ter decidido advogar? Talvez o “corre, corre” da semana tenha apagado de sua visão aquele sentido mais nobre da advocacia, da justiça e do próprio Direito. Vou partilhar aqui uma visão pessoal: para mim, o Direito existe para evitar conflitos e para corrigir injustiças, e nesse cenário o advogado é seu operador por excelência, já que nesse profissional são depositadas todas as expectativas daqueles que são o alvo do Direito, as pessoas.

Assim sendo, busque lembrar a razão pela qual você desejou tão ardentemente a advocacia e guarde isso a todo custo na sua mente e coração.

Produza conteúdo.

Outra dica importante para sempre estar envolvidos com o Direito é a produção intelectual na seara jurídica. Muitas vezes, diante dos “gigantes” do Direito, temos a impressão de que a nós, pessoas comuns, cabe apenas a função de nos debruçarmos diante daquilo que é produzido, empilhando o conhecimento nas infinitas áreas disponíveis em nosso cérebro. Mas isso não é verdade.

Como advogados, temos a importante tarefa de auxiliar na aplicação do Direito, e isso se perfaz com a aplicação de um pensamento genuinamente crítico. Logo, reflita sobre tudo o que você lê, ouve e estuda relacionado ao Direito, pensando se, na sua concepção de justiça, aquilo está correto. Se discordar (ou concordar), busque argumentos no próprio Direito que possam reforçar seu posicionamento e, depois, apresente à comunidade jurídica.

Você pode também ser um investigador dos novos campos de aplicação do Direito. Muitas vezes uma matéria é bastante discutida em determinadas áreas, e poderia ser abordada em campos até esquecidos. Será que você pode encontrar um novo campo de aplicação para determinada matéria no Direito?

Assim, você também pode participar da criação do Direito e, entre dos “grandes”, você pode aparecer.

Busque a renovação.

Em linhas gerais, dentro do possível, renove seu papel como estudante de Direito (o que sempre seremos) e Advogado. Busque uma visão diferenciada, e, já que o mundo está em constante movimento, faça o mesmo!