Pretendo abordar, nesta postagem, um pouco sobre os primeiros passos da advocacia. É o “por onde começar?”.
Para tanto, é necessário termos em mente que cada pessoa iniciará de um ponto diferente, pois cada caso um caso. Assim, falaremos sobre três situações diferentes aqui: o iniciante que possui advogados na família, com escritório constituído e com interesse em encaminhá-lo; o iniciante que possui amigos advogados, que pretendem iniciar juntos uma sociedade; e o iniciante que não tem amigos nem familiares advogados, possuindo ou não dinheiro para investir no próprio escritório.
Primeiramente importa salientar que a experiência COMO ADVOGADO é fundamental. Sabemos que aquela linda doutrina estudada na faculdade, para ser colocada em prática, impõe uma série de “macetes”. Já afirmei em outra postagem que os livros de prática forense ensinam a fazer algumas petições, mas estão longe de ensinar a verdadeira rotina da advocacia.
Quanto a isso, abro um parêntese para afirmar que você, iniciante, deve investir o máximo possível em sua capacitação como advogado. Faça a maior quantidade possível de cursos e leia muitos livros de prática (entenda-se “advocacia”). Eles sem dúvida trarão uma base importantíssima, que será aprimorada no seu dia-a-dia. Daí, como eu disse, ser necessária a experiência.
Como se adquire experiência na advocacia? Desempenhando a profissão. Ainda que no começo com certa insegurança. Portanto, é ajuizar ações, preparar defesas, realizar audiências, interpor recursos, ganhar processos, perder processos ( :-P ). Tudo isso resultará em experiência.
Como ninguém nasce sabendo, e fazer tudo do zero sem nenhuma orientação pode ocasionar sérios problemas, inclusive acarretando responsabilidade civil ao advogado por qualquer ato praticado, seria interessante que você tivesse ao menos um mentor. Um(a) advogado(a) mais experiente que te acompanhará nesses primeiros meses ou primeiros anos da caminhada. É uma pessoa que analisará suas petições, dará dicas de como se comportar nos lugares, de como abordar os servidores, os juízes e de como lidar com os colegas advogados. Ensinará a você aquilo que considera importante.
Dito isto, vamos às diferentes situações já adiantadas, começando por aqueles que possuem familiares ou colegas com escritório constituído.
Sem dúvida, o iniciante que tem essa oportunidade não deve pensar duas vezes. Claro que, como costumo dizer, tudo na vida é relativo, pois você não poderá trabalhar com aquele familiar ou amigo seu, quando souber que, ao tratarem de assuntos profissionais, alguma bomba explodirá. É importante ter um ambiente de trabalho, no escritório, onde você possa se desenvolver. Imagine-se como um recém nascido, só que na advocacia. Para crescer bem, é necessário ter boas experiências.
Por outro lado, existem os que não têm familiares ou amigos na advocacia, mas estão cheios de boas intenções, são corajosos e intentam iniciar juntos uma sociedade de advogados. Isso é muito comum, acontecendo com frequência entre colegas recém formandos, e recém aprovados na OAB.
Um aspecto interessante desse grupo é que tudo será mais intenso. Vocês partilharão as expectativas, as dúvidas, as DÍVIDAS, os ganhos, as angústias. Tudo isso! Mas também poderão se apoiar sempre que alguém estiver "meio pra baixo". E se tiverem a sabedoria de não permitir que todo mundo fique pra baixo ao mesmo tempo, e de não permitir que cresça qualquer semente de dúvida, chegarão longe.
Outro aspecto é que tudo será muito emocionante, afinal existe um risco muito grande de dar tudo errado, mas esse fator irá fazer com que todos se comprometam e se doem ao máximo pelo novo escritório. É um sonho partilhado e iniciado entre amigos. Sinceramente, este brilho especial me parecer ter grandes reflexos na possibilidade de sucesso da sociedade.
Aqui valem algumas dicas: 1- apenas faça sociedade com pessoas em quem você confia; 2- seja honesto consigo mesmo, pois aquele seu amigo preguiçoso só vai te atrapalhar se você quiser brilhar rápido; 3- TUDO na ponta do lápis, pois o combinado não sai caro (ajuste como serão partilhados os custos e os ganhos do escritório); 4- Preparem-se (prevejam custos de manutenção, equipamento de escritório, secretária, aluguel, reserva para emergências, etc).
Por fim, vamos aos que estão sozinhos. Na verdade, nenhuma pessoa que saiba se virar está realmente sozinha, mas isso foi apenas para referir-me ao terceiro grupo: os que não possuem colegas ou familiares advogados, nem amigos para iniciar uma sociedade.
Esse início de caminhada é, a meu ver, o mais difícil. Porém, também em minha opinião, o caminho que consolida os advogados mais “ferozes”. Gostaria, antes de abordar o tema, dizer que à pessoa comprometida, que sabe onde está (tem pé no chão) e aonde quer chegar (é sonhadora), tudo é possível. Tenho um amigo que diz: “quem quer, arruma um jeito, quem não quer, arruma uma desculpa”. Você é dos que querem? Se sim, você dará um jeito!
Sobre os que já possuem dinheiro guardado para abrir seus próprios escritórios, quero aconselhar, se me permitem, que antes adquiram alguma experiência. Vale a pena advogar ao lado de alguém mais experiente nos primeiros meses
Agora, vamos àqueles que não possuem amigos ou familiares com escritório, colegas para formar sociedades e não possuem dinheiro para abrir o escritório próprio. Parece uma calamidade, mas calma! Fé e boa vontade juntas provocam milagres (é verdade!).
A meu ver, a esses é necessário, com maturidade, encarar a realidade e ir à luta. É muito provável que existam muitos outros escritórios de advocacia em sua cidade. Normalmente os mais antigos tem tanta carga de trabalho que acabam contratando muitos estagiários para preparar petições e afins, enquanto os advogados só “aparecem” nas consultas e audiências. Assim sendo, creio ser uma estratégia interessante que você se apresente à maior quantidade possível de escritórios, informando que foi aprovado recentemente na OAB e que precisa de experiência na área.
Não tenha dúvidas de que muitos advogados lhe proporão alguma forma de parceria. O mais comum é que a você sejam repassados alguns processos (afinal, melhor um advogado ainda inexperiente que um estagiário cuidando do assunto), sendo que do ganho final do escritório, uma parte será destinada a você. Já é um começo, pois imagine que você consiga pelo menos um cinco processos por mês, logo estará com muitos.
Pessoal, na advocacia existem muitos caminhos e a intenção é falar sobre cada um deles, por isso há muito assunto vindo por ai. Não quero apressar nada, pois a mim este trabalho está sendo uma verdadeira paixão. Afinal, é partilhar das mesmas dúvidas e soluções, já que também iniciei recentemente.
Espero que o conhecimento aqui partilhado realmente sirva de crescimento a todo leitor.
A todos nós, sucesso!
Olá! Estou entre o segundo e o terceiro grupo. Passei no exame de ordem há 7 meses e só dei entrada na carteira agora. Nunca fiz estágio em escritório e no momento apenas estudo para concurso. Tenho 25 anos e estou incomodado de não estar avançando em minha vida (meus pais bancam os meus estudos para concurso). Tenho interesse em começar a advogar e a ralar, mas tenho muito medo de falhar por falta de experiência. Tem algum livro para recomendar, um guia para advogados iniciantes? Obrigado!
ResponderExcluirOlá. Eu recomendaria um bom curso de prática. Atualmente existem várias opções de cursos on line que trazem noções importantes que normalmente podem ser deixadas de lado por quem ainda esteja iniciando. É comum, em nosso grupo no facebook, os advogados dividirem as despesas de cursos assim. Esteja à vontade para fazer parte, pois será muito bem vindo.
ExcluirAmigo pode recomendar algum curso que conheça e que seja bom. Também sou advogado iniciante. obrigado!
ExcluirBoas dicas Dr.
ResponderExcluirÓtimas dicas e conteúdo. Me formo ano que vem e estou no segundo grupo, de abrir uma sociedade com um amigo de sala. Um forte abraço e sucesso a todos nós!!!
ResponderExcluirOlá. Ótimas dicas!
ResponderExcluirEstou iniciando como advogada e, apesar de possuir experiência de vida faz muita falta a experiência nesta nova profissão.
São tantas dúvidas que surgem neste inicio de carreira. Poderias indicar algum livro/manual que descreve o passo a passo da prática forense.
Obrigada
Olá
ResponderExcluirestou no terceiro grupo. Experiência zero, quase me formando e não tenho prática nenhuma. Valeu muito essas dicas, pois também me sinto incomodada com essa situação.
Boa Tarde Dr.Myller!Ótimo texto!!Existe o grupo de Whatssap ou apenas Facebook?
ResponderExcluirOlá. Somente Facebook mesmo. Junto-se a nós. Abraço!
ExcluirMe interessaria muito dividir um curso de prática. Estou mais para o terceiro grupo e sem opção de escritórios grandes em minha cidade, fica mais difícil conseguir um mentor
ResponderExcluir